terça-feira, 16 de junho de 2009

A Pecuária e o Desmatamento

Acabei de ver no Jornal da Globo uma noticia formidável (video abaixo) que informa da ação do MP notificando pecuaristas e frigoríficos por crime ambiental associado a devastação da amazônia afim de criar pasto para o gado. Ao mesmo tempo, grandes redes de supermercados irão controlar severamente a origem da carne que comercializam.





Até que enfim alguma coisa de positiva a favor da proteção de nossa natureza tão agredida. Tomara que continue e se aprofunde. Rezo a Deus para que isso tudo não seja "fogo-de-palha".

Lamentável e triste é ler os comentários de muitos brasileiros (link). Me preocupa pensar que dizem essas coisas por convicção, com sinceridade e de forma desinteressada e imparcial. Senão vejamos
Comentario 1: "Produzir maconha pode. Um ministro maconheiro vale mais que o produtor rural. É isso aí fazendeiros, matem os bois e plantem maconha que o ministro participará de passeata para defende-los."
(Minha) Critica: Ora, se o ministro é ou não é maconheiro não tem a menor importância. O que importa é se ele faz bem o seu trabalho. Quando ele age contra pecuaristas criminosos que destroem nossas florestas eu acho que ele faz bem seu trabalho.

Comentario 2: "onde iremos chegar com tudo isso aqui na amazonia, o povo amazonico nao é mais dono dessas terras e sim essas ongs que roubam dinheiro publico a torta e a direita!!!!! vcs deviam é procurar saber como anda a miseria no estado do pará!!!! acabou-se serrarias, nao pode desmatar e agora o gado!!!!!
(Minha) Critica:
a) Se existem "ongs que roubam dinheiro publico" que estas sejam extintas e punidas na forma da lei.
b) quanto a dizer "o povo amazônico não é mais dono dessas terras" eu diria que ele é tão dono das terras amazônicas quanto de outras terras brasileiras, inclusive aquelas que outros brasileiros desmataram. De qualquer maneira, digamos que eles (o povo amazônico) deva ser considerado o dono daquelas terras (as amazônicas)... digamos que isso seja correto. Se assim for, não quer dizer que eles possam fazer o que bem entenderem da amazônia.
c) "vcs deviam é procurar saber como anda a miseria no estado do pará!!!! acabou-se serrarias, nao pode desmatar e agora o gado!!!!!" Mas essa é ótima...francamente...Se as serrarias acabaram, isso me parece bem sintomático não é? Não vai me dizer que se cometeu uma grande injustiça contra todos os honestos donos de serrarias que exploravam a madeira de forma sustentável? Tá bom... A miséria no estado do Pará não pode continuar? Sem dúvida que não! Aliás, também não pode continuar nas favelas do Rio, São Paulo, Belo Horizonte, nas cidades satélites de Brasilia, etc.
também não ... vamos liberar todas as serrarias, pelo menos o povo terá emprego e não passará fome - ao menos até acabar com a floresta.

Comentário 3: "um absurdo isso meu deus, daqui a pouco vao fechar o estado do pará e o greenpeace irá tomar de conta de tudo junto com esse ministro pilantra carlos minc!!!!! queria que ele nao encontrasse carne em lugar nenhum pra comer durante um bom tempo pra ele ver o que é bom pra tosse!!!!! A CARNE VAI R$..."
(Minha) Critica 3: Este compatriota carnívoro que não gosta de letras maiuscula (nem para se referir ao criador) está nos dizendo que, se acabarem as serrarias e os frigoríficos de lá "vao fechar o estado do pará". A vocação do Pará é só essa? A exploração sustentável do fantástico e ainda pouco investigado potêncial da floresta, etc. não vale nada? Quanto a não encontrar carne em lugar nenhum eu, que não sou vegetariano, não tô nem aí. Do jeito que a coisa está alias, já é mesmo dificil comprar carne. Ah sim... ele grita "A CARNE VAI R$..." (acho que quiz dizer que o preço vai subir muito mais ainda) .... pois que suba! Para esse nosso compatriota o churrasco é mais importante do que aquele "mato inútil".

Comentário 4: "quem esta fazendo todo este barulho e o greenpeace! pilatras que vem a mando de outro países para nos prejudicar"
(Minha) Critica 4: Esta é fácil... Não duvido de que há interesses excusos envolvidos. Contudo enquanto isso resultar na defesa e conservação da floresta eu acho é ótimo. Já imaginou onde estariamos (ou ainda chegaremos) se não fossem os interesses de países extrangeiros? E saiba que não há apenas interesses de corporações de fora mal intencionadas - o cidadão está de forma autêntica interessado na preservação das florestas. Tudo estaria muito pior se não fossem pela influencia política externa, disso eu não tenho a enor dúvida!

Os compatriotas que fazem esses comentarios são os mesmos que falam: "Esses extrangeiros intrometidos... só querem sugar nossas riquezas... destruiram as florestas no pais deles e agora querem vir aqui mandar na gente e nos dar exemplo"
Acho incrível como esse tipo de frase convence tanta gente boa, inteligente e honesta! A essa gente proponho a seguinte situação hipotética (muito concreta e comum):

1) um chefe de familia bebado e violento agrediu repetidamente seu filho por anos;
2) anos depois, esse pai se sente arrependido e infeliz;
3) esse pai vê na vizinhança um vizinho que agride seu filho regularmente.
O que deve esse pai fazer? Se esse pai, vendo uma tragédia iminente, for falar com esse outro pai violento seria por acaso correto que ele ouvisse: "Seu intrometido... quem voce pensa que é? Acha que pode mandar na minha casa? Destruiu sua familia e agora quer vir me dar exemplo!"
Ou voce acha que ele deveria ficar omisso e não fazer nada pois não tem moral para isso?

Mas, houve um comentário sensato (para mim pelo menos).
Comentário Sensato: "Muita gente da Amazônia se acha acima da lei e culpa as ONGs por ter que ficar dentro dos limites da lei, como todo mundo. Querem terra pública de graça, querem poder desmatar essa terra de forma ilegal ..."
(Minha) Critica: Concordo mas essa "Muita gente" que faz isso não me preocupa mas sim a da população de que forma sincera mas ingênua faz comentarios como os acima.

Enfim ...comprem carne no onde se pratiquem ações comerciais responsáveis. Se achar que carne está cara, por favor, não vá comprar a mais barata com origem duvidosa. Aceite pagar um pouco mais por um produto comprometido com o seu futuro e o dos seus.

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